Revestimentos após a pandemia: os materiais que devem se tornar tendência

Com a Covid-19, revestimentos de fácil higienização que oferecem mais praticidade devem ser priorizados. Saiba quais são as tendências apontadas na área por especialistas

(Foto: Reprodução / Pinterest)

O novo coronavírus trouxe uma preocupação extra com a limpeza para dentro de nossas casas. Tirar os sapatos antes de entrar, higienizar as compras, e a lavagem frequente de superfícies se tornaram rotina na maioria dos lares, de maneira abrupta. Como você já leu em Casa Vogue, muita coisa deve mudar nas nossas casas de agora em diante. Uma delas, mais especificamente, são os revestimentos. Já que as preocupações com higiene e limpeza não devem ir embora tão cedo, alguns materiais devem ganhar força com o fim da pandemia, enquanto outros devem ser menos procurados. Confira o que pensam pesquisadores, arquitetos e pesquisadores de tendências ouvidos por Casa Vogue:

A questão da porosidade

Em geral, a maioria dos especialistas ouvidos concorda que materiais porosos devem ser cada vez menos procurados pelo público. Isso porque um material poroso absorve mais as substâncias (incluindo a sujeira) e é mais difícil de limpar. As pedras, por exemplo, são um tipo de revestimento mais poroso que pode perder força daqui para frente. Da mesma forma, o mármore, que é um material poroso e não tão resistente a produtos de limpeza, também não deve se tornar a preferência.

“Acredito que há uma necessidade de estudos em relação aos materiais. Na questão de rejuntes para banheiros e cozinha, por exemplo, existem alguns rejuntes coloridos para combinar com porcelanatos e cerâmicas. Mas com a utilização de água sanitária e outros produtos de limpeza mais agressivos, eles acabam desbotando. Isso já mostra que há uma necessidade de estudo. Precisaremos de materiais que não desbotem com o uso de água sanitária, álcool em gel, e álcool 70%, para que seja possível fazer uma higienização completa destas superfícies”
— Ana Maria Schuch Araújo, professora de Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

“As pessoas já vinham procurando materiais mais práticos e mais funcionais com relação à limpeza, manutenção e durabilidade. Mas ainda tínhamos, às vezes, uma prevalência da estética ou do desejo pelo bem material. Eu sinto que a procura será cada vez maior por materiais de alta resistência e fácil manutenção. E eu entendo que os fabricantes vão investir cada vez mais em estudos para alta tecnologia. Até então, trabalhávamos com materiais de alta porosidade, como as pedras. E aí desenvolveram o quartzo, que é um material composto com resina que tem menos porosidade. (…) Por exemplo, hoje já temos o porcelanato com grandes formatos que me permitem ter menos rejuntes. E quanto menos rejunte e mais material sem porosidade, maior a facilidade de limpeza e maior a praticidade”
— Isabella Nalon, arquiteta

Pets entrarão no cálculo

Durante a quarentena, diversas ONGs e instituições focadas em animais doméstico relataram um aumento na procura por adoção de pets. Isso também tende a aumentar a busca por superfícies homogêneas, de fácil limpeza e manutenção, e alta durabilidade.

“Nós vimos um aumento nas adoções de animais de estimação neste período. Algumas ONGs que cuidam de animais reportam um aumento de até 50% na adoção de bichinhos para este período de confinamento. E aí a praticidade entra de novo em jogo, porque quando você tem gato e / ou cachorro em casa, você precisa se preocupar ainda mais com higiene e limpeza. A cerâmica tem a grande vantagem da limpabilidade. Quando você tem um pet e instala um piso laminado, você tem um problema muito grande de infiltração. Com a cerâmica, isso não acontece.”
— Alais Coluchi, consultora de Relações Internacionais da ANFACER (Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos)

“O que eu tenho sentido dos clientes, agora que estão mais em casa, é a busca por tecidos de revestimentos para sofás e cadeiras que sejam resistentes aos pets. Tanto para pêlo quanto para a unha dos bichinhos, que gostam de desfiar. Já temos alguns tapetes que são super fáceis de higienizar e não absorvem líquido, ideias para quem te cães e gatos. E os pets também não puxam o fio de tecidos que não têm trama, como aveludados. Quanto ao revestimento de piso para os pets, minha experiência mostra que pisos vinílicos são os ideais, porque não são tão gelados e são super fáceis de limpar, além de resistentes a líquidos. O piso de porcelanato, por exemplo, é super fácil de limpar, mas é mais gelado. Então é necessário ver a raça do pet, para ver se poderia ser um piso deste tipo.”
— Isabella Nalon, arquiteta

Então, quais materiais serão tendência?

(Foto: Divulgação / Biancogres)

Em geral, os especialistas apontam três revestimentos que devem ganhar força: o porcelanato, a cerâmica e o quartzo. Materiais de baixa porosidade e alta resistência a produtos químicos de limpeza devem ser os mais procurados daqui para frente, por oferecerem bastante praticidade na hora da limpeza. Dessa forma, o porcelanato ganha bastante destaque, por ser um material de baixa porosidade e fácil higienização. A cerâmica também se destaca pelos mesmos motivos e é, hoje, o revestimento líder de mercado, mas a arquiteta Isabella Nalon acredita que, por possuir mais rejuntes do que o porcelanato, este último apresenta uma vantagem extra. Ela também destaca o quartzo pela praticidade, e os pisos vinílicos por oferecerem mais conforto aos pets, como citado acima. Confira:

“A cerâmica é líder de mercado na maioria dos países. Quanto mais próximo aos trópicos, ou seja quanto mais quente o clima, mais cerâmica é utilizada na casa. Tem também um produto que vem crescendo, que é o vinílico. A diferença principal é que o vinílico tem uma durabilidade um pouco mais limitada. Já a cerâmica tem uma durabilidade que pode chegar a 50 anos. Então, via de regra, você troca a cerâmica só quando quer renovar o ambiente”
— Alais Coluchi, consultora de Relações Internacionais da ANFACER (Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimentos)

“Acredito que materiais como o porcelanato e o quartzo, que têm menos porosidade, irão atender mais às demandas. Os porcelanatos com grandes formatos também permitem ter menos rejuntes. E, quanto menos rejunte e mais material sem porosidade, maior a facilidade de limpeza e maior a praticidade”
— Isabella Nalon, arquiteta

Tecnologia

Apesar das tendências apontadas, os especialistas também alertam que é preciso considerar um fato muito importante ao fazer previsões: o desenvolvimento tecnológico. Os materiais citados, como o porcelanato e o quartzo, podem ser a preferência a curto prazo. Mas, a médio e longo prazo, é bem possível que novas tecnologias sejam criadas pela indústria para todos os tipos de materiais, de maneira a torná-los mais resistentes à limpeza ou até menos porosos.

“A Universidade de Hong Kong desenvolveu um novo produto antiviral [para revestimentos], que protege por até 90 dias uma superfície de vírus e bactéria. Batizado de MAP-1, ele foi feito com nanotecnologia. O produto é borrifado nas superfícies e fica inativo até que alguém toque no local. Quando isso ocorre, essas nanocápsulas estouram e liberam o material de limpeza, impedindo que as bactérias e vírus se proliferem ali. Já foram feitos testes com este material e notou-se que, após o uso, não houve mais aumentos de casos da Covid-19 nas casas que utilizaram o produto. Então isso é um exemplo dos estudos que estão sendo conduzidos”
— Ana Maria Schuch Araújo, professora de Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

“A curto prazo, para os profissionais da arquitetura, eu acredito que muitos clientes provavelmente vão pedir para nós substituirmos alguns revestimentos por materiais mais práticos. Mas, a médio e longo prazo, eu entendo que surgirão novas tecnologias para todos os tipos de revestimentos. [Uma possibilidade] são aparelhos com luz UVA que possam ser aplicados sobre as bancadas para desinfetar”
— Isabella Nalon, arquiteta

Sustentabilidade

Cada vez mais presente na arquitetura e no design, a busca por sustentabilidade deve continuar e até se intensificar após a pandemia. Com consumidores cada vez mais atentos a questões relacionadas ao meio ambiente, a indústria de revestimentos também precisará pensar na questão ambiental no futuro.

“Acredito que precisamos levar em conta o uso de revestimentos mais sustentáveis. Existem alguns materiais sustentáveis que são mais porosos, é verdade, mas podemos combinar estes revestimentos com as tecnologia autolimpantes citadas acima, o que evita a proliferação de vírus e bactérias”
— Ana Maria Schuch Araújo, professora de Arquitetura e Urbanismo Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

“[Questões como] economia de energia, de onde estão vindo estes recursos naturais e para onde eles vão [devem ganhar força]. Isso já é muito forte na Europa, aqui no Brasil ainda não é. Mas a médio prazo, será.”
— Isabella Nalon, arquiteta

“Vemos, hoje, a busca pela reautilização, reaproveitamento e reciclagem. Cada vez mais novos materiais ‘Biobased’ surgirão com muita força respeitando mais e mais a sustentabilidade e a nossa nova forma de ver e respeitar o mundo. No Growing Pavillion na DW de Einhoven de 2019, podíamos ver a pesquisa extensa realizada com material diversos para superfícies diversas. É um caminho sem volta. [Hoje, já existem pesquisas para revestimentos] com os mais diversos materiais, incluindo resíduos da agricultura, do mar, de animais, bioplástico, cogumelos, fibras de urtiga, cannabis e muito mais.”
— Lili Tedde, trend forecaster

 

Fonte : https://casavogue.globo.com/Design/Revestimentos/noticia/2020/06/revestimentos-apos-pandemia-os-3-materiais-que-devem-se-tornar-tendencia.html

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